outubro 23, 2012

F. Nietzshe em "O eterno retorno" A Gaia Ciência - 341


E se um dia ou uma noite um demônio esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse:
"Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez mais e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há, de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!" - Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? 
Ou viveste alguma vez um instante descomunhal, em que lhe responderias:
Tu és um Deus, e nunca ouvi nada mais divino!". 
Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, asim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse; a pergunta, diante de tudo e de cada coisa: 
"Quero isto ainda uma vez e ainda inúmeras vezes?" Estaria como o mais pesado dos pesos sobre teu agir! Ou então, como terias de ficar de bem contigo mesmo e com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação?"

2 comentários:

  1. Anônimo1:16 PM

    Como entrar em contato com você?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oie Ana, podes me escrever eguibranco@gmail.com

      Excluir