fevereiro 15, 2010

Matemática, monstros, significados e Educação Matemática

Análise do artigo:

  1. LINS, Rômulo Campos. Matemática, monstros, significados e educação matemática. In: BICUDO, Maria A. V.; BORBA, Marcelo de C. (Orgs.). Educação Matemática: pesquisa em movimento. São Paulo: Cortez, 2004. p. 92 – 120.


No artigo Lins (2004) afirma que há um distanciamento entre a matemática acadêmica (que ele chama de oficial, da escola, do formal, do matemático) e a matemática da rua (que seria aquela que usamos em nosso cotidiano). Apresenta ainda a Teoria dos Monstros, que o autor descreve como sendo um lugar onde há um jardim do matemático, e do outro lado um jardim dos não matemáticos. Na divisa dos jardins há um mostro que para o matemático é como se fosse um animal de estimação, manso e calmo. Mas para os demais o monstro é terrível, de outro mundo, os não matemáticos não tentam passar por ele, pois tem medo. Com o passar do tempo o mostro se torna fechado e impenetrável, impedindo o não matemático de alcançar o jardim do conhecimento matemático. Dessa forma o não matemático simplesmente tenta esquecer que um dia precisou tentar chegar nesse jardim.

Lins utiliza a Teoria dos Monstros para examinar de que forma “monstros” podem ter um papel de regulador da diferença entre duas matemáticas: a Matemática do matemático (da escola) e da Matemática da rua.

Gosto muito dessa alegoria de Lins. Considero que ele consegue fazer uma explicação clara do que encontramos hoje no contexto escolar. Dizer “não gosto de matemática” é quase uma questão social que acompanha muitas pessoas que a repetem sem saber ao certo do que se trata, pois desistiram de chegar ao jardim do conhecimento. Isso é passado de pai para filho quase como algo hereditário. Se a escola não da conta de superar o fato, ele perpetua-se.

O fracasso das pessoas em relação à Matemática escolar não é um fracasso de quem não consegue aprender, mas sim um sintoma de alguém que a recusa sem sequer se aproximar das coisas, esse fato se dá pela falta de produção de significado.

Também Vianna[1] (2007) com base no livro de Imre Lakatos - Provas e Refutações – fala dos monstros, que seriam os poliedros que não satisfazem as definições e teoremas que vão sendo desenvolvidos pelos matemáticos.

Para Lins, é a partir do mundo humano que produzimos significado para o mundo das coisas, e não ao contrário e a Educação Matemática propõe transformar o monstro monstruoso em monstro de estimação;

Enfim, habitualmente temos medo daquilo que não conhecemos que não fomos adequadamente apresentados, que não abstraímos, que não convivemos...


[1] VIANNA, C. R. A Educação Matemática à sombra dos monstros. In: PROFMAT 2007, 2007, Angra do Heroísmo. Actas do ProfMat. Lisboa : APM - Associação de Professores de Matemática, 2007.b

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