Já fui ao museu duas vezes e com certeza me arrisco a passar por lá mais vezes, sempre que tiver oportunidade. Considero uma visita obrigatória a todos os amantes desta grande arte que move multidões.
Trata-se de três pavimentos totalmente interativos que apresentam as mais variadas curiosidades a respeito do tema. São narrações em áudio, projeções em tela, muitos vídeos, fotos, memórias e acontecimentos do futebol em diferentes épocas, times, jogadores, regras e enfim, tudo que você puder imaginar.
Em um dos espaços você pode chutar uma bola ao gol, por ali é verificado a velocidade do seu chute. Acessando o Chute a gol no site do Museu, você consegue a foto do seu chute...
Em outro espaço, tem uma quadra interativa que você chuta uma bola virtual.
O espaço que mais gostei, sem dúvidas é o que traz embaixo da arquibancadas umas projeções em 3D com vários videos mostrando os gritos das torcidas. É como se você estivesse no meio delas.
São muitos trechos e textos de curiosidades.
Vou colar aqui, um dos textos que me agradou bastante, que é possível encontrar lá.
“O amor ao futebol como disputa apaixonada faz com que se
perca de vista o seu papel transformador. Mas o fato é que o futebol tem sido
uma ponte efetiva (e afetiva) entre a elite que foi buscá-lo no maior império
colonial do planeta, a civilizadíssima Inglaterra, e o povo de um Brasil que,
naqueles mil oitocentos e tanto, era constituído de ex-escravos. Juntar brancos
e negros, elite senhorial e povo humilde foi sua primeira lição. O futebol
demonstrou que o desempenho é superior ao nome da família e a cor da pele. Ele
foi o primeiro instrumento de comunicação verdadeiramente universal e moderno
entre todos os segmentos da sociedade brasileira. Ele tem ensinado a agregar e
desagregar o Brasil por meio de múltiplas escolhas e cidadanias.
A segunda lição veio com seu desenho. Ele exprime valores
antigos (a ideia de que há sorte em todos os confrontos), mas é dele também o
ideal moderno de treino. Como uma atividade aberta, ele não discrimina tipos
físicos e classes sociais.
O sujeito pode ser preto ou amarelo, alto ou baixo, culto ou
ignorante, mas o que interessa é que saiba jogar. Mais: seu foco não são as
nobres mãos que levam para o céu (como acontece no vôlei ou no basquete), mas
os humildes pés que nos atrelam ao chão e a terra. No futebol, o pé que carrega
o nosso corpo transforma-se num mágico instrumento capaz de enganar o
adversário e de controlar e passar a bola. Como a capoeira, o jogo do ‘pé na
bola’ trouxe a multidões de brasileiros a possibilidade de, ao menos
simbolicamente, inverter o jogo. No Brasil, ele abriu a possibilidade de trocar
as mãos pelos pés.
O pé, associado à pata e à brutalidade das bestas de carga,
muda de posição no futebol. Nele usa-se o pé, sim, mas com método. Seguindo um
regulamento que torna as chuteiras de todos os tamanhos e feitios, iguais. E aí
está sua lição mais importante: o futebol civiliza o pé. Ele mostra que a parte
mais atrasada e bárbara do corpo pode ser submetida não só às sutilezas do
jogo, mas à civilidade do saber ganhar e perder sem ódio, de modo transparente
e por esforço próprio. Sem a ‘mãozinha’ dos amigos ou parentes. Foi num campo
de futebol, não num parlamento, que o povo brasileiro teve a prova de como é
maravilhoso juntar treino com talento; ordem com imprevisibilidade; jogadas
espetaculares com uma estrutura fixa; e, finalmente, o vitorioso com o
derrotado. No futebol, como na democracia igualitária, o ganhador não pode
existir sem o perdedor, que terá o triunfo amanhã, mas que hoje, na derrota,
valoriza e legitima a nossa vitória.”
De arrepiar, não é mesmo? O texto é do antropólogo Roberto da Matta.
ps.: O Museu também traz uma parte destinada a educação, pode-se agendar uma visita educativa com metodologias especificas adequadas ao público.
Abaixo um bônus com a foto das bandeiras dos times, destaque para primeira (da direita para esquerda) e mais linda de todas.
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