Por Regina Garbellini (Tribo)
Quando leios os contos de fadas para minha filha, que tem quatro anos (impossível fugir deles), dou uma certa "mudada" nos finais felizes das princesas. Ao invés de "e casaram-se e viveram felizes para sempre", sempre dou um jeito de incluir: e estudaram, viajaram muito, realizaram muitos projetos e se divertiram muito...
Afinal, ensinar minha filha que o casamento é fundamental pra ser feliz, ou mesmo que tem que durar para sempre, é demais!!!
Com coisas tão simples e pequenas como esses contos, as mulheres acabam buscando a sua satisfação em tudo, menos nelas mesmas, e uma felicidade estanque, impossível de realizar. Estou equivocada??
outubro 22, 2007
outubro 18, 2007
O AUTO-RETRATO
No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Terminado por um louco!
(Mario Quintana)
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Terminado por um louco!
(Mario Quintana)
julho 20, 2007
Definitivamente, não se mata nem se morre por amor...
Mata-se e morre-se por egoísmo, por rancor, porque não se suporta o fim do amor... por ciúme... por medo... porque não se suporta o espelho... o da alma ou o outro...
A única coisa que admito que se faça por amor, é amar...
Quando se quer morrer ou matar por amor, não me venham com essas histórias, já há muito que se matou o amor...
Mata-se e morre-se por egoísmo, por rancor, porque não se suporta o fim do amor... por ciúme... por medo... porque não se suporta o espelho... o da alma ou o outro...
A única coisa que admito que se faça por amor, é amar...
Quando se quer morrer ou matar por amor, não me venham com essas histórias, já há muito que se matou o amor...
Sem noção...
"Subi a porta e fechei a escada, tirei minhas orações e recitei meus sapatos, desliguei a cama e deitei-me na luz, tudo porque ele me deu um beijo de boa noite." Autor anônimo
julho 18, 2007
maio 10, 2007
Loucos e Santos - Oscar Wilde
Escolho meus amigos não pela pele
ou outra característica qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito
nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem
de mim louco e santo.
Deles não quero resposta,
quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e
aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos,
para que não duvidem das diferenças e
peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos
pela cara lavada
e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo,
quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto não
sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim:
metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis
nem choros piedosos.
Quero amigos sérios,
daqueles que fazem da realidade
sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia
não desapareça.
Não quero amigos
adultos nem chatos.
Quero-os metade infância
e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o
valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios,
crianças e velhos, nunca me esquecerei de que
"normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."
ou outra característica qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito
nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem
de mim louco e santo.
Deles não quero resposta,
quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e
aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos,
para que não duvidem das diferenças e
peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos
pela cara lavada
e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo,
quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto não
sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim:
metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis
nem choros piedosos.
Quero amigos sérios,
daqueles que fazem da realidade
sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que a fantasia
não desapareça.
Não quero amigos
adultos nem chatos.
Quero-os metade infância
e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o
valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios,
crianças e velhos, nunca me esquecerei de que
"normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."
e essa sô eu...
abril 10, 2007
A pedido da Liane...
O mundo do menino impossível
Fim da tarde, boquinha da noite
com as primeiras estrelas
e os derradeiros sinos.
Entre as estrelas
e lá detrás da igreja
surge a lua cheia
para chorar com os poetas.
E vão dormir as duas coisas novas desse mundo:
o sol e os meninos.
Mas ainda vela o menino impossível
aí do lado
enquanto todas as crianças mansas dormem
acalentadas
por Mãe-negra Noite.
O menino impossível
que destruiu
os brinquedos perfeitos
que os vovós lhe deram:
o urso de Nürnberg,
o velho barbado jagoeslavo,
as poupées de Paris aux cheveux crêpes,
o carrinho português
feito de folha-de-flandres,
a caixa de música checoeslovaca,
o polichinelo italiano
made in England,
o trem de ferro de U. S. A.
e o macaco brasileiro de Buenos Aires
moviendo da cola y la cabeza.
O menino impossível
que destruiu até os soldados de chumbo de Moscou
e furou os olhos de um Papai Noel,
brinca com sabugos de milho,
caixas vazias,tacos de pau,
pedrinhas brancas do rio...
"Faz de conta que os sabugos
são bois..."
"Faz de conta..."
"Faz de conta..."
E os sabugos de milho
mugem como bois de verdade...
e os tacos que deveriam ser
soldadinhos de chumbo são
cangaceiros de chapéus de couro...
E as pedrinhas balem!
Coitadinhas das ovelhas mansas
longe das mães
presas nos currais de papelão!
É boquinha da noite
no mundo que o menino impossível
povoou sozinho!
A mamãe cochila.
O papai cabeceia.
O relógio badala.
E vem descendo
uma noite encantada
da lâmpada que expira
lentamente
na parede da sala...
O menino pousa a testa
e sonha dentro da noite quieta
da lâmpada apagada
com o mundo maravilhoso
que ele tirou do nada...
Chô! Chô! Pavão!
Sai de cima do telhado
Deixa o menino dormir
Seu soninho sossegado!
Fonte: Lima, J. 1997. Poemas , 5a edição. RJ, Agir. Poema originalmente publicado em 1925.
Fim da tarde, boquinha da noite
com as primeiras estrelas
e os derradeiros sinos.
Entre as estrelas
e lá detrás da igreja
surge a lua cheia
para chorar com os poetas.
E vão dormir as duas coisas novas desse mundo:
o sol e os meninos.
Mas ainda vela o menino impossível
aí do lado
enquanto todas as crianças mansas dormem
acalentadas
por Mãe-negra Noite.
O menino impossível
que destruiu
os brinquedos perfeitos
que os vovós lhe deram:
o urso de Nürnberg,
o velho barbado jagoeslavo,
as poupées de Paris aux cheveux crêpes,
o carrinho português
feito de folha-de-flandres,
a caixa de música checoeslovaca,
o polichinelo italiano
made in England,
o trem de ferro de U. S. A.
e o macaco brasileiro de Buenos Aires
moviendo da cola y la cabeza.
O menino impossível
que destruiu até os soldados de chumbo de Moscou
e furou os olhos de um Papai Noel,
brinca com sabugos de milho,
caixas vazias,tacos de pau,
pedrinhas brancas do rio...
"Faz de conta que os sabugos
são bois..."
"Faz de conta..."
"Faz de conta..."
E os sabugos de milho
mugem como bois de verdade...
e os tacos que deveriam ser
soldadinhos de chumbo são
cangaceiros de chapéus de couro...
E as pedrinhas balem!
Coitadinhas das ovelhas mansas
longe das mães
presas nos currais de papelão!
É boquinha da noite
no mundo que o menino impossível
povoou sozinho!
A mamãe cochila.
O papai cabeceia.
O relógio badala.
E vem descendo
uma noite encantada
da lâmpada que expira
lentamente
na parede da sala...
O menino pousa a testa
e sonha dentro da noite quieta
da lâmpada apagada
com o mundo maravilhoso
que ele tirou do nada...
Chô! Chô! Pavão!
Sai de cima do telhado
Deixa o menino dormir
Seu soninho sossegado!
Fonte: Lima, J. 1997. Poemas , 5a edição. RJ, Agir. Poema originalmente publicado em 1925.
abril 01, 2007
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